“As palavras movem, mas são os exemplos que inspiram atitude e comportamento semelhante.”


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Travestis fogem de casa de mala e cuia

Dois dos pivôs da confusão envolvendo o jogador Ronaldo, os travestis Andréia Albertini (André Luiz Ribeiro Albertini) e Carla Tamini (Júnior Ribeiro da Silva) abandonaram suas casas ontem dizendo-se ameaçados. Os dois chegaram a receber mensagens no celular com avisos para que deixasse o Rio. Apavoradas, elas procuraram a polícia e pediram ajuda. Diante da possibilidade de serem incluídas no Programa de Proteção às Vítimas e Testemunhas do Estado, elas se disseram arrependidas e pediram desculpas a outros travestis. As supostas ameaças teriam partido principalmente de outros transexuais que também fazem programa na noite da Barra da Tijuca e afirmam estar perdendo clientes desde que o caso foi parar na imprensa. As duas decidiram sair de casa depois que souberam que um grupo de travestis estaria seguindo para o apartamento de Andréia, na Zona Sul do Rio. “Me avisaram que um monte de ‘meninas’ estava indo de ônibus para a minha casa, para me dar um ‘doce’ (uma surra). Saí correndo na mesma hora. Tenho medo de que façam algo de ruim comigo. Não quero morrer”, desabafou Andréia. Abalado, o travesti Carla também não escondeu a preocupação: “Desde que essa história começou, temia que algo viesse a acontecer”.

‘VÃO TE PEGAR!’

Numa das mensagens enviadas para o celular de Andréia ontem, uma amiga escreveu: “Mulher, o babado é forte! É melhor você sair do Rio. Vão te pegar! Cuidado!”. Em outra mensagem, recebida por Carla, outra amiga disse: “Vai embora do Rio porque aqui você não vai conseguir mais trabalhar. Suma daqui porque vão te dar um ‘doce’”. Andréia e Carla procuraram a 6ª DP (Cidade Nova), onde fizeram registro de ameaça. A delegada não quis comentar. Procurados por O DIA, travestis que fazem ponto na Praça do Ó, na Barra, afirmaram que os clientes sumiram desde o escândalo com Ronaldo, segunda-feira. “Nunca vi o movimento tão fraco. Essa história espantou a clientela. Temos contas a pagar”, reclamou Renata Soares. Já Rafaela Rangel, moradora de Pedra de Guaratiba, não sabia como voltar para casa: “Não estou arrumando nada. Não tenho dinheiro nem para a passagem”. Andréia pediu desculpas às colegas de profissão. “Não queria prejudicar ninguém. Só fiz o que fiz porque queria receber meu dinheiro”, afirmou o travesti, que pode ser indiciado por extorsão contra Ronaldo e furto do documento do carro do craque.

TATUAGEM - EX-NAMORADA CONFIRMA

Uma das revelações de Andréia foi a de que, no encontro com Ronaldo no motel Papillon, na Barra, deu vários beijos na tatuagem de trevo que o craque tem entre a cintura e a virilha. “Achei uma gracinha”, disse, na segunda-feira. Em depoimento à polícia, o atacante afirmou que, ao saber que eram travestis, dispensou os dois e o terceiro travesti, Veyda Ganzarolli. No entanto, a advogada Juliana Ferraz, que namorou o craque por 10 anos, confirmou a existência do desenho, feito depois da Copa do Mundo de 2002. “O Brasil ganhou e Ronaldo foi fazer um trevo com folhinhas verdes na virilha. Lembro que foi na Barra da Tijuca. Não fui com ele tatuar, mas o piercing que colocou na orelha fui junto”, contou ela. Casada e desvinculada do ex, Juliana arriscou conselhos ao jogador. “Se fosse ele, procuraria um psiquiatra e uma religião. Afinal de contas, ele é um homem que tem tudo na vida e não precisava passar por isso.” A confusão sobrou até para travestis da Praça do Ó, que agora ouvem piadinhas sobre o episódio. “Cadê a Andréia?” e “Dá-lhe, Ronaldetes” são os gracejos gritados por quem passa de carro. “Se a Andréia aparecer aqui, boto ela pra correr”, disse um travesti.

Fonte: O Dia

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