“As palavras movem, mas são os exemplos que inspiram atitude e comportamento semelhante.”


sábado, 14 de fevereiro de 2009

Motorista torturado no Exército quer punição de sargento em Caicó

Alysson Brilhante Duarte, 27 anos, que trabalha como motorista numa empresa prestadora de serviços da Petrobras, em Mossoró, demonstra revolta ao falar a respeito do que ocorreu com ele em 2002, no 1º Batalhão de Engenharia de Construção, em Caicó, que lhe rendeu uma indenização de 200 salários mínimos pela Justiça Federal, cerca de R$ 93 mil. "Quando eu fazia o curso de formação de cabo, numa faxina, um sargento mandou a gente pagar umas flexões e quando a gente estava fazendo as flexões ele começou a me agredir com um cacetete de borracha, acompanhado de cinco soldados", começou a relatar.

Segundo Alysson, participavam do curso em torno de 40 alunos no setor de Serviços Gerais do 1º BEC. Havia um 2º sargento, segundo o ex-militar, que era um dos instrutores do curso. "Ele era acostumado a fazer isso no batalhão. Na ocasião ele fez comigo e com mais cinco colegas meus. Ele agrediu com um cacetete sem nenhum motivo, xingando, dizendo palavrões, humilhando. No momento eu me levantei e pedi para ele parar. Foi quando o cabo Edson me segurou, aí o sargento disse que eu era bravo e mandou me retirar da sala", contou.

Alysson Brilhante relata que levou o fato ao conhecimento do então comandante do 1º BEC, tenente-coronel Renato Cavalcante de Mendonça. "Depois disso, fiquei sofrendo perseguição dentro do batalhão, por parte de tenentes, capitães e sargentos, mas não com o aval do comando, porque o comando na época nunca apoiou essa prática", citou.

O motorista relatou que com a mudança de comando no batalhão, ele foi afastado. O tenente-coronel Newton Belinatti determinou o afastamento do ex-militar dos quadros do Exército. "Chegaram pra mim e mandaram embora", assinalou. O motorista disse que quando ocorreu o episódio estava há seis meses no batalhão, onde tinha ingressado como recruta. Residente em Mossoró, o rapaz disse que foi morar em Caicó após seu pai vir trabalhar na cidade como motorista da banda Circuito Musical.

sonho

Alysson disse que a carreira militar era um sonho dele. "Mas hoje eu sou franco em dizer que um filho meu eu não quero no Exército, principalmente como soldado. No Exército hoje só tem vez oficial e sargento", citou. Desempregado após deixar o Exército, Alysson Brilhante tomou a decisão de ingressar com uma ação na justiça, principalmente por causa do comportamento do 2º sargento que o agrediu. "O agressor chegava nos bares comentando o que tinha feito e o que tinha deixado de fazer e tinha ficado por isso mesmo, aí eu procurei meus direitos", observou.

"Essa decisão demorou um pouco, mas é aquele negócio de que a justiça tarda, mas não falha. Isso é pouco pelo que eu sofri. Que fui agredido até urinar sangue", narrou. Com a indenização que irá receber, Alysson Brilhante disse que pretende adquirir um imóvel e contribuir com alguma instituição filantrópica. "Eu ainda sinto sequelas do que aconteceu comigo. Quando eu passo em frente a um quartel, ainda passa na minha mente, o que aconteceu". Ele declarou que vai tentar na justiça a punição para o sargento que, segundo ele, foi o responsável direto pela agressão. "Agora vou lutar na justiça pela punição.


Fonte: DN Online/DN Seridó

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