O fim da Contribuição Provisório sobre Movimentação Financeira (CPMF) ameaça um reajuste de salários de professores das universidades federais que havia sido acordado entre governo e sindicatos no ano passado. Os 70 mil docentes na ativa e aposentados receberiam entre 20% e 65% de aumento, determinado conforme a titulação e tempo de carreira. O reajuste seria dado a partir deste mês, mas com a não continuidade do imposto, as negociações chegaram a um impasse nesta semana. “Seria a primeira vez que teríamos um acordo sem ter feito greve. E seria o melhor aumento desde 1986”, diz o vice-presidente do Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes), Robson Matos. O aumento privilegiaria e incentivaria uma ascensão na carreira, já que profissionais do topo receberiam índices maiores de reajuste. tualmente, o salário médio do docente das 53 federais - que pode ser caracterizado pelo professor adjunto, com doutorado e dedicação exclusiva à universidade - varia entre R$ 5 mil e R$ 6 mil. Com o reajuste, ficaria entre R$ 7 mil e R$ 8 mil. Já o professor titular - cargo mais alto - teria uma remuneração de quase R$ 12 mil. “O acordo era muito bom, os professores têm toda a razão em se preocupar”, diz o secretário do Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC), Ronaldo Mota. Segundo ele, no entanto, o governo perdeu R$ 40 bilhões como o fim da CPMF e será preciso fazer “pequenos ajustes” no que havia sido assinado. Além do MEC, o salário dos professores está sendo discutido pelo Ministério do Planejamento e aguarda também a votação do orçamento no Congresso Nacional. Matos diz que o sindicato vai aguardar uma definição do governo apenas até o dia 15. Depois disso, há possibilidade de pelo menos uma instituição, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da qual ele faz parte, entrar em greve. “Os professores não vão suportar muito tempo essa situação”, diz.
Tribuna do Norte
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