Cerca de 50 milhões de brasileiros têm o bacilo da tuberculose. A grande maioria não irá desenvolver sintomas da doença e vai morrer devido a outras causas. Entretanto, qualquer ocorrência que comprometa o sistema imunológico poderá fazer a tuberculose se manifestar como doença infecciosa e transmissível. A enfermidade pode causar lesões em qualquer parte do organismo humano, mas ataca principalmente os pulmões. A tuberculose é disseminada de pessoa a pessoa e não por insetos, utensílios, transfusão de sangue ou água. Da mesma forma que em um resfriado comum, quando um paciente com tuberculose pulmonar tosse, espirra ou fala, os bacilos são lançados no ar ambiente onde permanecem em suspensão por horas, podendo atingir outras pessoas ao entrar nos pulmões pela respiração. Cada paciente pulmonar, se não tratado, pode infectar em média dez a 15 pessoas por ano. De acordo com o coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, Dráurio Barreira, a tuberculose é o principal motivo de morte na população soro positiva. “Nos últimos anos, todos os países do mundo vêm ampliando os esforços para o controle da tuberculose, essencialmente em função do aparecimento da aids”, afirmou. A co-infecção pelo bacilo de Koch e pelo HIV pode elevar em 25 vezes o risco de desenvolver a tuberculose, que ocorre como doença oportunista em 15% dos portadores de HIV. Para Dráurio Barreira, o desafio é identificar precocemente os co-infectados para impedir a transmissão da doença. Contudo, outro problema ainda mais premente para o combate à tuberculose diz respeito à interrupção do tratamento por muitos pacientes, aos primeiros sinais de melhora. “A eliminação total da infecção leva seis meses e muitos pacientes passam a não sentir mais os sintomas nas duas ou três primeiras semanas de tratamento. Como a febre acaba, a tosse regride, a pessoa ganha peso, fica mais bem disposta, os doentes tendem a parar com a medicação”, lastimou o coordenador. O risco, afirmou, não é só para o paciente, mas para toda a população que fica exposta aos bacilos que se tornam mais fortalecidos com esse comportamento. É a chamada resistência medicamentosa, forma da doença que tem aumentado em todo o mundo e que é mais letal que a tuberculose primária. De acordo com o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado no início do ano em Genebra, a tuberculose resistente a drogas está se espalhando mais rápido do que os especialistas previam. O trabalho da OMS, Controle Global da Tuberculose, afirma que as taxas de bactérias resistentes atingem 20 % em alguns países – as maiores já encontradas. O mais preocupante é que, quando o bacilo desenvolve resistência, o tratamento só tem sucesso em pouco mais da metade dos casos. Além disso, a medicação é muito mais cara e tem composição altamente tóxica, o que causa terríveis efeitos secundários. O relatório mostra que, em 2006, 1,5 milhão de pessoas morreram por causa da tuberculose. Naquele ano, foram registrados 9,2 milhões de novos casos da doença. A taxa de queda de 0,6% em 2006 em relação a 2005 foi considerada muito modesta e, levando-se em conta o aumento da população mundial conclui-se que nunca houve tantos infectados. O documento teve por base informações colhidas entre 2002 e 2006 com cerca de 90 mil doentes de 82 países. Em 45 deles há referências de tuberculose resistente. A recomendação da ONU a todos os países que convivem com a tuberculose é que aprimorem o tratamento supervisionado, de forma que os pacientes não abandonem a medicação antes de estarem totalmente curados. Segundo Dráurio Barreira, desde meados do ano passado, o Ministério da Saúde executa um projeto de controle da doença apoiado pelo Fundo Global da Aids, Tuberculose e Malária. Os recursos do fundo subsidiam ações inovadoras de controle da tuberculose em 11 das principais regiões metropolitanas do país.
Agência Brasil
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