“As palavras movem, mas são os exemplos que inspiram atitude e comportamento semelhante.”


sábado, 24 de janeiro de 2009

SUS começará a fornecer aconselhamento genético

O Sistema Único de Saúde (SUS) passará a oferecer aconselhamento a todas as pessoas e famílias com risco de desenvolver doenças geneticamente determinadas ou anomalias congênitas. O procedimento faz parte da Política de Atenção Integral em Genética Clínica, que vai estruturar essa atenção especializada na rede pública de saúde. A portaria foi publicada na quarta-feira.

Atualmente, existem 18 procedimentos relacionados à genética incluídos na tabela do SUS. Com a política, passarão a ser oferecidos procedimentos de três grupos de problemas que concentram mais de 80% do total de agravos em genética clínica.

Os três grupos dividem-se em anomalias genéticas (palato fendido, defeitos do tubo neural, pé torto, luxação no quadril e amputação parcial); erros inatos do metabolismo (intolerância a lactose e alterações na produção de enzimas, como fenilcetonúria); e deficiências mentais (Síndrome de Down).

Para o coordenador de média e alta complexidade do Departamento de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Joselito Pedrosa, o aconselhamento, a orientação e a informação genética permitem a tomada de decisão sobre a reprodução segura. "Além disso, o atendimento em genética clínica é um procedimento que envolve a família, daí a necessidade de uma assistência por equipe interdisciplinar e multiprofissional, que potencializa os resultados da atenção", diz.

Dentre as diversas modificações propostas, a política vai organizar os serviços de genética clínica, já que atualmente os atendimentos são dispersos nos estados e no Distrito Federal. Alguns locais fazem apenas exames laboratoriais, outros somente o atendimento e outros o acompanhamento.

Com a portaria, os serviços oferecidos por equipe multidisciplinar (médico, geneticista, enfermeiros, assistente social, biólogos) passam a fazer o atendimento integral. Isso significa que o serviço deverá promover o tratamento e a recuperação dos pacientes com doenças genéticas, além de fazer os exames clínicos e laboratoriais.

"A ideia não é apenas fornecer diagnósticos, mas promover qualidade de vida aos pacientes e diminuir os agravos por anomalias congênitas e doenças geneticamente determinadas", explica Pedrosa. Depois de regulamentada, estados e municípios que já oferecem serviços e tiverem interesse deverão habilitá-los no Ministério da Saúde. Após publicação no Diário Oficial, o estado está organizado para oferecer o serviço de acordo com a política.

Nos países em desenvolvimento, entre 15% e 25% das mortes no período perinatal e na infância estão relacionadas às doenças genéticas. Na escala das causas de mortalidade infantil no Brasil, elas passaram de quinto lugar para segundo em 25 anos.
Dados da Organização Mundial de Saúde revelam que as doenças hereditárias acometem 5% das gestações em todo o mundo.

No Brasil, 3% dos nascidos vivos têm anomalias congênitas e as deficiências mentais atingem pelo menos 15% da população (aproximadamente 24 milhões de pessoas). Cerca de 60% a 70% dos pacientes que chegam aos serviços de genética clínica apresentam algum tipo de deficiência mental. As manifestações mais frequentes são as síndromes de Down e de X-fragil.

Atualmente, o SUS possui uma rede de atenção com 1.032 locais que realizam algum tipo de atendimento ambulatorial em genética clínica, dos quais 167 são ligados a universidades. Os hospitais universitários são responsáveis por cerca de 63% do total desses atendimentos. A partir da implementação da nova política, o objetivo é ampliar de forma gradativa a expansão dos serviços (30% em 2009, 30% em 2010 e 40% em 2011).


Fonte: Jornal do Comercio

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