“As palavras movem, mas são os exemplos que inspiram atitude e comportamento semelhante.”


segunda-feira, 20 de julho de 2009

MP promete contestar Fifa se entidade liberar bebidas alcóolicas na Copa 2014

O Ministério Público de São Paulo promete entrar na briga com a Federação Internacional de Futebol (Fifa) caso a organização responsável pelo maior evento do futebol mundial decidir liberar a venda de bebidas alcoólicas na Copa do Mundo de 2014, que será realizada no Brasil. Uma grande cervejaria mundial patrocina o evento.

A venda de bebidas alcoólicas em estádios de futebol no Brasil é proibida desde abril do ano passado, por uma decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que assinou um protocolo de intenções com o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais do Ministério Público dos Estados e da União.

“Vamos fazer de tudo para barrar essa decisão, porque assinamos um protocolo de intenções com a CBF proibindo a bebida alcoólica. Sou favorável, inclusive, para se estender [a decisão da proibição] a todos os estádios de futebol, porque aquele sujeito embriagado, não só cria confusão no estádio ou no acesso. Ele sai do estádio embriagado, pega o carro, corre, atropela, chega em casa e agride a mulher. É uma tragédia”, disse o promotor Paulo Castilho à Agência Brasil.

Segundo Castilho, o Ministério Público não vai ceder à pressão econômica e vai defender a proibição da venda de bebidas alcóolicas nos estádios que vão abrigar a Copa do Mundo. “Se assim entender a Justiça que deve ser liberado, nós vamos acatar. Mas o Ministério Público, em defesa da sociedade, vai brigar com todas as armas para que isso não seja permitido. Não é porque vem aqui uma poderosa fabricante [de cerveja] que vai querer mandar no Brasil. Pode até conseguir isso, mas vai ter de conseguir isso por intermédio da lei ou por decisão do Poder Judiciário”, afirmou.

Embora a Fifa tenha um contrato de publicidade com a cervejaria, prevendo a divulgação da marca em um espaço publicitário no estádio, a CBF acredita que a federação internacional não deverá obrigar a venda de bebidas nos estádios brasileiros principalmente porque, segundo ela, esse contrato não seria condicionado à venda de bebidas.

“A decisão de proibir bebidas alcoólicas nos estádios é da CBF. Não é proibido por lei. Mas esperamos que a CBF se mantenha coerente, porque teve um efeito bastante positivo dentro dos estádios”, afirmou o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Pedro Abramovay.

O comandante do 2º Batalhão da Polícia de Choque de São Paulo e responsável pelos eventos esportivos na capital paulista, tenente-coronel Almir Ribeiro, diz que a venda de bebidas em estádios é um grande problema porque altera o comportamento das pessoas e deve continuar proibida.

“Se a Fifa determinar isso [liberação], vamos ter que estudar e chegar a um termo de ajustamento. O ideal seria como está sendo praticado hoje no Brasil, proibindo (a venda). Temos tido bons resultados dessa maneira”, diz Ribeiro.

As mudanças no comportamento a que se refere Ribeiro ocorrem, geralmente, quando uma mulher ingere mais de um cálice de vinho ou quando o homem toma acima de dois cálices de vinho ou duas latas de cerveja. “Acima disso, pode ter risco de mudança de comportamento, risco de noção de equilíbrio e quedas, risco hepático”, explicou a psiquiatra e presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), Analice Gigliotti.

“Se existe uma droga absurdamente ligada à violência é o álcool. É a droga número um. Na grande maioria dos acidentes e dos homicídios ocorridos no Brasil, a vítima ou o autor estava alcoolizado”, completou a médica.

Segundo Analice, o Brasil tem feito pouco para controlar o consumo de álcool. “O preço ainda é muito baixo. Compramos um litro de cachaça pelo preço de um litro de leite. Tem que haver aumento do preço, fiscalização da venda de bebidas para menores de idade, proibição da propaganda, fiscalização na lei seca, limitação da publicidade, impedir o contrabando e a venda ilegal, controlar a dose vendida em ambientes comerciais.”

Da Agência Brasil

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