O sargento do Exército Fernando Alcântara, companheiro do também sargento Laci Araújo, afirmou que ele está sofrendo abusos e maus-tratos na carceragem da Polícia do Exército (PE), em Brasília, para onde foi transferido do Hospital das Forças Armadas (HFA). Araújo foi preso na quarta-feira acusado de deserção depois que ele e Alcântara assumiram na imprensa que vivem juntos há mais de dez anos. No dia seguinte, o militar foi transferido para Brasília e ficou internado no HFA. Ele alega que sofre de problemas emocionais graves e que o Exército não aceita seus laudos médicos. Alcântara afirma que um acordo que definiu a permanência do sargento no HFA - firmado entre o Exército e o senador Eduardo Suplicy - não foi cumprido e que ele foi levado para a carceragem da PE na sexta-feira. Na prisão, segundo Alcântara, ele vem sofrendo torturas psicológicas. "Ele é revistado várias vezes ao dia, precisa tirar toda a roupa e fazer agachamento como se fosse um presidiário. Mas ele não é criminoso, está preso sob acusação de deserção e isso é totalmente arbitrário", alega o sargento. Contactada, a assessoria de imprensa do Exército disse que as acusações são infundadas. Ainda segundo Alcântara, o sargento está proibido de receber medicação de uso contínuo e não pode receber visitas de médicos ou dentistas civis. "O médico que está cuidando dele, com autorização do Exército, não é especialista e não receita a medicação que ele precisa", afirma. Alcântara disse que vai entregar durante a 1ª Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais, um documento a Marisa Fernandes, membro do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) para falar sobre a situação. "Acho que eles estão tentando enlouquecê-lo mesmo na cadeia", diz. Alcântara afirmou que vai entrar com pedido de habeas corpus e que espera a liberação do sargento Laci Araújo ainda esta semana.
Agência Brasil
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